segunda-feira, 24 de março de 2008

Amor, Liberdade e Responsabilidade

Hoje em dia a sociedade moderna, para justificar o divorcio, a homosexualidade e as ligações sexuais de vária ordem, afirma que o Amor é livre, por sua própria natureza . Daí aquela famosa expressão «cada qual é livre de viver a sua própria vida» e esta outra « ama e faz o que quiseres»...

Todas estes ditos sobre a liberdade do amor assentam quase sempre numa lógica falsa e numa interpretação errada, seja da liberdade, seja do próprio amor. Digo isto, porque se o amor implica liberdade, nem todas as liberdades implicam amor. É claro que o amor pressupõe liberdade, mas é também verdade, que pelo facto de ser livre, não posso amar como me apetecer.

Um ladrão pode assaltar uma casa cujos donos estejam ausentes. Mas seria absurdo afirmar que os ama, porque lhe assiste a liberdade de os roubar. A liberdade verdadeira é aquela que nos é dada e não a que tomamos por nossa conta. Para sermos absolutamente livres de qualquer limitação, forçoso era que vivessemos em total isolamento, mas então não amaríamos ninguém.

É da essência do amor ser livre. Mas é também da essência do amor ser responsável. Logo, liberdade de amar, não significa licença de amar. A liberdade não implica somente uma escolha. Implica também a responsabilidade que essa escolha acarreta.

A verdadeira liberdade está na lei e não fora da lei. Sou livre de traçar um triângulo, se lhe atribuo três lados, mas já o não sou se, eu lhe quiser dar 32 lados. Posso voar livremente nos céus, mas com a condição de obedecer às leis da aeronáutica. De igual forma, sou moralmente livre quando obedeço à Lei de Deus. Muitos, de facto confundem liberdade com licenciosidade.

A liberdade, já o disse aqui, é o direito de fazermos o que devemos fazer.
A licenciosidade é o abuso que fazemos dessa mesma liberdade, tornando-a vil.

Dizia Chesterton " Se o homem não fosse livre, não poderia dizer : -Obrigado pela mostarda!"

A liberdade no amor é uma afirmação. Mas é, em simultâneo, uma exclusão. Pelo facto da Maria amar o Carlos de todo o coração, significa ao mesmo tempo, que em seu coração, não têm lugar para o Jorge. O Amor verdadeiro impõe sempre a si próprio restrições em favor de outrem. O autêntico amor serve-se da liberdade para se ligar imutávelmente ao outro.

Outro aspecto nuclear do amor é que, na própria medida em que repelimos o amor, perdemos os nossos dons. Qual o refugiado da Rússia capaz de enviar um presente a um ditador. Como pode alguém que é rejeitado no seu amor, conceder dons ao seu amado? Também os presentes de Deus dependem do nosso amor. Por isso, não existe liberdade no pecado, seja ela em nome do amor ou não, mas escravidão.

Daí aquelas expressões lapidares de Cristo:

"Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: todo homem que se entrega ao pecado é seu escravo". (Jo 8,34)

ou aquela outra "Se, portanto, o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres". (Jo 8,36)

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