quinta-feira, 27 de março de 2008

A Graça Santificante

«... Suponde dois homens que dão esmola a um pobre; um tem, pela graça, a santa amizade de Deus, dá esmola por um impulso de caridade divina; o outro não têm na alma a graça santificante: ambos fazem exteriormente a mesma acção; mas, aos olhos de Deus, que diferença! A esmola do primeiro vale-lhe um aumento de felicidade infinita e eterna; é dele que Nosso Senhor disse « um copo de água dado em seu nome não ficaria sem recompensa [ Mat,10,42] ; a do segundo é, com relação a essa mesma bem aventurança, sem merecimento, ainda que ele distribua montes de ouro. O que vem só da natureza não têm valor para a vida eterna...» D.Columba Marmion, Jesus Cristo Vida da Alma, V A verdade na caridade, pg 281, Ed. Ora & Labora.

Impressionante não é ! Tudo o que é feito sem Graça Santificante, isto é, as acções únicamente humanas, fundadas unicamente num bem natural, para nada servem para a eternidade, pois sem a Graça Santificante, aos olhos de Deus a alma está morta espiritualmente falando. Então todo o bem natural que uma alma possa fazer, por maior que seja, senão estiver revestida da veste nupcial da Graça, isto é, se a sua Fé e não for informada pela Caridade Divina que nos faz amar a Deus por ele ser quem é, Infinitamente Bom e Digno de todo o nosso amor, e o nosso próximo por amor a Deus, não tem qualquer utilidade para a eternidade. É verdade, em atenção a esse bem natural praticado, Deus recompensará o mesmo com algum bem temporal ou natural ainda neste mundo...Mas para a eternidade nada valem. E se alma morrer sem a veste da Graça nupcial da Caridade Divina, morre como inimiga de Deus, e para sempre permanecerá afastada do Bem Supremo e Infinito. Perder um bem infinito significa em certa medida, uma pena infinita...O que será perder O Bem infinito por excelência, por toda a eternidade...

Como é verdade o dito de Jesus : « Permanecei em mim e eu permanecerei em vós. O ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira. Assim também vós: não podeis tampouco dar fruto, se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira; vós, os ramos. Quem permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. Se alguém não permanecer em mim será lançado fora, como o ramo. Ele secará e hão de ajuntá-lo e lançá-lo ao fogo, e queimar-se-á. » S. Jo 15, 4-6

Dai aquela expressão de S.Paulo aos Coríntios : « Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver caridade, sou como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine. Mesmo que eu tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência; mesmo que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, não sou nada. Ainda que distribuísse todos os meus bens em sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tiver caridade, de nada valeria!...» 1 Cor 13, 1-3

E que Caridade é esta que S. Paulo fala? Não é aquela caridade da esmola e muito menos aquela caridade filantrópica dos maçons. É aquela faculdade sobrenatural que só existe numa alma em estado de graça, que nos faz aderir a Deus como à Bondade infinita, que amamos mais que tudo. É o que diz S.Agostinho ao afirmar « A companheira da Fé é a Esperança; é necessária, porque não vemos o que cremos; com ela não desfalecemos na espectativa; vem enfim a caridade, e põe em nosso coração a fome e sêde de Deus, imprime à nossa alma um impulso para Ele.» Sermo LIII

É esta Caridade que nos faz sentir uma verdadeira predilecção por Deus; preferimos Deus a tudo e procuramos mostrar-lhe esta complacência e esta preferência, cumprindo a sua vontade. Por esta caridade sobrenatural - porque é infundida por Deus na nossa alma - somos capazes de chamar a Deus de Pai. "Porquanto não recebestes um espírito de escravidão para viverdes ainda no temor, mas recebestes o espírito de adoção pelo qual clamamos: Aba! Pai!" (Rm 8,15) . Esta Caridade corresponde ao Espirito Santo inabitando na nossa alma.

Por essa Flor - Graça Santificante - cujo fruto é a Caridade sobrenatural, somos participantes da Natureza Divina e amamos a Deus por Ele ser quem é : Ser infinitamente Bom e Amável e digno de todo o nosso amor. E por amor para com Ele, amamos o nosso próximo como a nós mesmos.

«... Tendo decidido [Deus] fazer-nos participar da sua vida infinita, da sua própria felicidade - o que para nós constitui um fim sobrenatural - , tendo-nos dado a sua Graça, Deus quer que a nossa união com ele seja uma união, uma santidade sobrenatural, que tenha por principio essa graça. Tudo quanto estiver fora deste plano representa para nós perda para a eternidade. Deus é o senhor dos seus dons e decretou, desde toda a eternidade, que só seríamos santos diante dele, vivendo pela graça, como filhos de Deus.»... D.Columba Marmion, Jesus Cristo Vida da Alma, pg 21.

O Segredo dos Últimos Tempos

Alguém me pediu para publicar na Internet, as mensagens de Nossa Senhora em La Salette na França, uma das poucas aprovadas pela Igreja Católica.

Ganhei coragem e de uma pinçelada, consegui disponibilizar as mesmas online...Já as tinha procurado antes na íntegra, mas nunca as cheguei a encontrar.

O que lá é dito, é de uma realidade e profundidade espantosas...As mesmas, retratam muito do que se passa hoje, no mundo e na Igreja ... Aliás, se lermos as profecias, poderemos ver que estamos a caminhar, para o pleno cumprimento das mesmas...

A mesma está disponível para download, para quem quiser, na minha página de internet que ainda está em fase experimental...Apesar de já ter alguns artigos completos...Aconselho a ler o tratado sobre os novíssimos [ ver Tab dos novíssimos]. É a doutrina Católica de sempre, conforme ela têm sido ensinada nestes 20 séculos.


Nota: Ver página de entrada ou Home como lhe quiserem chamar.

P.S. Lançaram-me mais um desafio: Disponibilizar o Catecismo de S.Pio V em Português (PDF) para download... Não vai ser fácil...são muitas páginas! A ver vamos...

Totus tuus Maria ego sum et omnia mea tua sunt , Mater misericordiae.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Amor, Liberdade e Responsabilidade

Hoje em dia a sociedade moderna, para justificar o divorcio, a homosexualidade e as ligações sexuais de vária ordem, afirma que o Amor é livre, por sua própria natureza . Daí aquela famosa expressão «cada qual é livre de viver a sua própria vida» e esta outra « ama e faz o que quiseres»...

Todas estes ditos sobre a liberdade do amor assentam quase sempre numa lógica falsa e numa interpretação errada, seja da liberdade, seja do próprio amor. Digo isto, porque se o amor implica liberdade, nem todas as liberdades implicam amor. É claro que o amor pressupõe liberdade, mas é também verdade, que pelo facto de ser livre, não posso amar como me apetecer.

Um ladrão pode assaltar uma casa cujos donos estejam ausentes. Mas seria absurdo afirmar que os ama, porque lhe assiste a liberdade de os roubar. A liberdade verdadeira é aquela que nos é dada e não a que tomamos por nossa conta. Para sermos absolutamente livres de qualquer limitação, forçoso era que vivessemos em total isolamento, mas então não amaríamos ninguém.

É da essência do amor ser livre. Mas é também da essência do amor ser responsável. Logo, liberdade de amar, não significa licença de amar. A liberdade não implica somente uma escolha. Implica também a responsabilidade que essa escolha acarreta.

A verdadeira liberdade está na lei e não fora da lei. Sou livre de traçar um triângulo, se lhe atribuo três lados, mas já o não sou se, eu lhe quiser dar 32 lados. Posso voar livremente nos céus, mas com a condição de obedecer às leis da aeronáutica. De igual forma, sou moralmente livre quando obedeço à Lei de Deus. Muitos, de facto confundem liberdade com licenciosidade.

A liberdade, já o disse aqui, é o direito de fazermos o que devemos fazer.
A licenciosidade é o abuso que fazemos dessa mesma liberdade, tornando-a vil.

Dizia Chesterton " Se o homem não fosse livre, não poderia dizer : -Obrigado pela mostarda!"

A liberdade no amor é uma afirmação. Mas é, em simultâneo, uma exclusão. Pelo facto da Maria amar o Carlos de todo o coração, significa ao mesmo tempo, que em seu coração, não têm lugar para o Jorge. O Amor verdadeiro impõe sempre a si próprio restrições em favor de outrem. O autêntico amor serve-se da liberdade para se ligar imutávelmente ao outro.

Outro aspecto nuclear do amor é que, na própria medida em que repelimos o amor, perdemos os nossos dons. Qual o refugiado da Rússia capaz de enviar um presente a um ditador. Como pode alguém que é rejeitado no seu amor, conceder dons ao seu amado? Também os presentes de Deus dependem do nosso amor. Por isso, não existe liberdade no pecado, seja ela em nome do amor ou não, mas escravidão.

Daí aquelas expressões lapidares de Cristo:

"Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: todo homem que se entrega ao pecado é seu escravo". (Jo 8,34)

ou aquela outra "Se, portanto, o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres". (Jo 8,36)

quarta-feira, 19 de março de 2008

Quis ut Deus? Quem como Deus?

Afirma a doutrina Católica que :

«...há um [só] Deus verdadeiro e vivo, Criador e Senhor do céu e da terra, omnipotente, eterno, imenso, incompreensível, infinito em intelecto, vontade e toda a perfeição; o qual, sendo uma substância espiritual una e singular, inteiramente simples e incomunicável, é real e essencialmente distinto do mundo, sumamente feliz em si e por si mesmo, e está inefavelmente acima de tudo o que existe ou fora dele se possa conceber [cân. 1-4]. Dz 1782, Concilio Vaticano I

«...Este único e verdadeiro Deus, por sua bondade e por sua "virtude omnipotente", não para adquirir nova felicidade ou para aumentá-la, mas a fim de manifestar a sua perfeição pelos bens que prodigaliza às criaturas, com vontade plenamente livre, "criou simultaneamente no início do tempo ambas as criaturas do nada: a espiritual e a corporal, ou seja, os anjos e o mundo; e em seguida a humana, constituída de espírito e corpo" [IV Concílio de Latrão]...» Denzinguer 1783, Concilio Vaticano I

«...Tudo o que Deus criou, conserva-o e governa-o com sua providência, atingindo fortemente desde uma extremidade a outra, e dispondo de todas as coisas com suavidade [cf. Sab 8,1]. Pois tudo está nu e descoberto aos seus olhos [Heb 4,13], mesmo os atos dependentes da ação livre das criaturas...» Denzinguer 1784, Concilio Vaticano I

Deus é uma realidade assombrosa...Ele é o Ser Supremo, Aquele que é, O Eterno! Quando entramos no mistério de Deus, as nossas línguas emudecem...Quem como Deus? Vivemos mergulhados em Deus, como o peixe no mar... " Pois nele vivemos, nos movemos e existimos " Act 17,28. Deus é Imenso, está em todo o lado...Que assombroso mistério! Vivemos e respiramos mergulhados em Deus...E nem sequer pensamos nisso. A conservação do nosso ser é um contínuo milagre...Até para pecar, precisamos de Deus! Que loucura! Deus criou-nos por puro amor, por amor inteiramente gratuito e em troca desse amor só recebe escárnios, ingratidões, ofensas...O Coração de Deus crucificado!!!

Verdadeiramente somos filhos de Sangue; Sangue de um Deus, feito homem: Jesus Cristo. Fomos concebidos no meio de dor, lágrimas, sangue e pó. Quanto custamos a Deus?

Hoje, Sexta Feira santa, Deus encarnado e o Homem atingiram o infinito: Deus ascendeu até à imolação de si mesmo, na sua natureza humana, por amor ao Homem. O Homem desceu até à suprema ingratidão de crucificar o seu Deus, razão do seu ser. Oh suprema loucura de Amor de um Deus e infeliz loucura do Homem : Crucificou o seu Deus.

"Ó vós todos, que passais pelo caminho: olhai e julgai se existe dor igual à dor que me atormenta...". (Lm 1,12)

Para expiar o nosso pecado - sim, o meu e o teu! - O Verbo Encarnado de Deus desce ao Inferno para que nós possamos subir ao Céu! Quis ut deus? Quem como Deus?

Perante este mistério de dor e amor, ao homem de boa vontade só lhe resta dizer :
- " Jesus, lembra-te de mim!" (Lc 23,42) E gritar-lhe «..."Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito" (Lc 23,46).

Hoje, no dia da vergonha do Homem e da Misericórdia infinita de Deus, uno-me à voz de todos os pecadores, por quem o Verbo de Deus se imolou e digo: - "Jesus, à tua Piedade infinita, entrego a minha alma. Tem piedade de mim pecador. "

quarta-feira, 12 de março de 2008

Entrevista com um Ateu

Acabei de ver no Youtube a Entrevista de Richard Dawkins, Prof. na Universidade de Oxford, autor de “Deus Um Delírio e fiquei surpreendido... É verdadeiramente um homem de convicções e crenças...,este Ateu.

Apoiando-me na Tradução existente no blog ascendens , irei comentar a entrevista deste Ateu convicto, passo a passo, de forma a esclarecer os menos esclarecidos.

http://ascendens.wordpress.com/2008/02/29/dawkins-ad-hominem-100-ogica-0/

Com esta crónica, terminarei a minha análise ao Ateísmo, fenómeno essencialmente psicológico e irracional que está a levar várias pessoas a ser induzidas em erro sobre o fim último da existência humana.

Paula Zahn (CNN) – Porque é ateu?

Richard DawkinsPorque a senhora não acredita em Thor? Porque não acredita em Zeus? Ninguém acredita na maior parte das coisas que a senhora acredita. A senhora é ateia em relação ao “mostro do esparguete voador”. Eu sou ateu com respeito aos judaico-cristãos porque não há evidências relativas ao deus judaico-cristão ou em qualquer outro deus.

Comentário: R.D. reduz a crença racional num Ser Criador Supremo de tudo o que é e existe, a uma mera crença irracional e imaginária, a uma «estória» da caróchinha. Thor é um mito. Uma Figura inventada pelo imaginário humano, assim como Zeus. Não existem provas racionais da sua existência. Quando se fala de Deus, existem provas racionais da sua existência. Como explica esse inteligente a passagem do Nada para o Ser?

Niels Bohr ganhou o prémio Nobel da Física em 1922 sobre a sua investigação sobre a estrutura dos átomos e suas radiações. No entanto Bohr nunca viu um átomo em vida. Como é que então, sem ter visto um átomo em vida, ele concluiu que não só este existia, como deveria ter uma estrutura. Porque, pelo efeito deduziu a causa que originava esse efeito. Não é preciso ver a electricidade, sempre que acendo uma lâmpada -aliás nunca a vejo. E no entanto, pelo simples facto de a lâmpada estar acesa, diz-me que a electricidade está presente. Pelo principio cientifico da Causalidade, concluímos pela visualização do efeito, a causa respectiva. Assim, o Principio da Causalidade é uma evidência, ( do latim, e + videre, «ver desde»), isto é, um principio que a mente «vê» imediata e directamente, sem necessidade de intermediário. Logo, tudo o que é evidente, não é demonstrável. Só é demonstrável o que se alcança por mediações intermédias... O que se vê imediatamente não é. Como é que demonstro que 2+2 = 4 ou que um triangulo têm 3 lados e não 5? Não posso, porque é evidente. Um triangulo tem sempre 3 lados. É da essência do triangulo ter 3 lados. Quer eu goste disso ou não. Quer eu acredite nisso ou não. Se assim não fosse, deixaria de ser triângulo.

Quando RD diz que não há evidências relativas aos deus judaico-cristão, ele simplesmente emite a sua opinião pessoal errónea. É só a opinião dele, e vale o que vale. Jesus Cristo, personagem real e histórica afirmou a sua natureza divina, «...Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: antes que Abraão fosse, Eu sou. » Jo 8,58 e ainda, «..morrereis no vosso pecado; porque, se não crerdes o que Eu sou, morrereis no vosso pecado.» Jo 8,24. Esta afirmação é uma variação daquela outra «Deus respondeu a Moisés: “EU SOU AQUELE QUE SOU”. E ajuntou: “Eis como responderás aos israelitas: (Aquele que se chama) EU SOU envia-me junto de vós.”» (Ex 3,14). Jesus Cristo, afirmou ser Deus. Logo, que têm a ver a crença num Ser real e histórico com a crença numa figura mitológica? É a mesma coisa que afirmar, que pelo facto de existirem homens deficientes, o ser humano é deficiente...Assim, como existem deuses inventados pelo homem, logo o Deus verdadeiro, a existir será uma figura mitológica...Isto é, simplesmente ser manipulador e ter má fé.

P.Z. – Mas parece que a mensagem ateísta é intimidante para alguns cristãos porque eles acreditam que o senhor não quer que eles exprimam a sua religiosidade publicamente. O senhor tem alguma opinião sobre a religiosidade pública?

R.D. - Eu penso que as pessoas são livres de acreditarem no que quiserem, de decidirem o que elas gostam e de escrever o que lhes apetecer. Mas o problema é que as pessoas religiosas, principalmente nos U.S.A. e nos países islâmicos, estão acostumados com quem é contra a sua fé e são extremamente intolerantes com os ateus.

Comentário: Caríssimo RD, pensas mal, se pensas que as pessoas são livres de acreditarem no que quiserem, de decidirem o que elas gostam e de escrever que lhes apetecer...

A liberdade não é um direito de fazer o que me dá na "real gana", ou o que me apetece... A isso chamamos libertinagem. Porque me dá na "real gana", não posso violar, ou matar ou roubar ou difamar, ou caluniar...Se fizer isso, atento contra a liberdade do outro e devo ser responsabilizado por isso. Daí a sociedade castigar aqueles que prevaricam a liberdade com penas e castigos, que inclusive podem chegar à privação da liberdade ou da vida. As pessoas podem escolher em liberdade e devem, desde que isso esteja subordinado a um bem maior, o bem da mesma sociedade e o bem da sua alma, na perspectiva cristã. Se propago as minhas ideologias que afectam o normal desenvolvimento da sociedade e coloco em causa a ordem e tranquilidade pública, devo ser impedido de difundir o mal. Sempre que a luz se ofusca, avançam as trevas. O mal propagou-se e propaga-se tanto, porque os bons permaneceram passivos. Se tenho gangrena num braço e esta ameaça espalhar-se pelo corpo todo, conduzindo-me à morte. É meu dever e obrigação, amputar o meu braço de forma a salvar todo o corpo. Para salvaguardar o bem da sociedade é licito à mesma defender-se dos agressores, sejam estes fisicos ou psicológicos...

Logo RD é um Ateu Libertino...Numa palavra é um anarquista, pois defende a ausência de Leis e de coerção no cumprimento das mesmas... Numa palavra, para o anarquista, ele mesmo é a Lei. O Ateu normalmente comete esse erro inconsciente, autodiviniza-se a faz-se a si mesmo de Deus, pois estipula para si as normas morais pelas quais pauta o seu comportamento.

Para esclarecimento, a liberdade é o direito de fazer o que deve ser feito e não de fazer o que me apetece.

Comentário: RD comete outro erro. Não somos intolerantes com os ateus. Somos intolerantes com o erro e as ideologias erróneas dos ateus. O médico é tolerante com os doentes, mas já não o é com as doenças. Estas devem ser irradicadas, pois ameaçam a vida fisica do homem. E nisso o médico coloca todo o seu afã. O Ateu difunde erros sistemáticos sob a capa dum falso humanismo e ateísmo. É um lobo com pele de cordeiro. Se todos fossemos ateus, todos viveríamos segundo os nossos padrões morais elaborados segundo a nossa ideologia e os nossos apetites e necessidades...Logo a sociedade seria uma selva, pois as únicas motivações seriam as nossas necessidades e apetites...O dever, como obrigação a cumprir, desapareceria, simplesmente. Ai do mais fraco...Como as normas morais eram relativas ao individuo, desde que a justiça humana, não nos atingisse, valia tudo....Só existe uma sociedade ateia: A selva. E aí funciona a Lei do mais forte e a Lei animal.

P.Z. – Mas porque pensa que são intolerantes?

R.D. – Penso que há um mal-entendido histórico. Essas pessoas pensam que temos cornos e rabos. Há estatísticas que demonstram que as pessoas não confiam nos ateus. O que é assombroso, contando que os ateus são pessoas que têm um sistema de crenças diferente.

Comentário: Como se pode confiar em quem é juíz em causa própria? Como confiar em alguém que estabelecesse ele próprio, as leis pelas quais pauta o seu comportamento? Como confiar em alguém, que só presta contas do seu comportamento a si mesmo? Como confiar em alguém, que tem um comportamento amoral: faz tudo o que lhe dá na gana e lhe apetece. Que impede o Ateu de ser adultero? De ser assassino? De ser Ladrão? Senão existe Deus, se o bem e o mal são definidos por mim e só tenho esta vida...Porque me hei-de resignar a ser pobre, a não me vingar do meu inimigo, a suportar uma patrão corrupto, a ter uma só mulher, a cumprir os meus deveres de cidadão...

O crente cai, mas têm consciência que caiu. Sabe que errou, e procura levantar-se e melhorar...O Ateu, nem consciência têm que caiu...Para ele, o bem e o mal, são construções fantasiosas do espirito humano, desse homem, fruto da evolução dos símbios... No dia em que a sociedade for completamente ateia...Nesse dia, os homens clamarão por Deus.

P.Z. – Certamente o senhor encontrará pessoas que se sentem intimidadas com a sua mensagem e que de alguma forma os coloca a duvidarem da sua “fé”.

R.D. Bem… porque haveriam as pessoas de se intimidar com algumas palavras? Não conheço nenhum ateu que ameace com violência, não temos destruído aviões contra edifícios, não temos bombardeado nada, somos pessoas muito amáveis e tudo o que fazemos é usar as palavras para falar de coisas como do cosmos, a origem do universo a evolução e a origem da vida. Porque deveriam intimidar-se? É apenas uma opinião.

P.Z. – Uma última pergunta. Como o senhor descreve a relação do público com o ateísmo?

R.D. – Desinformação e falta de valores. Porque se alguém é ateu ele sabe e acredita que só se vive uma vez. A vida é algo maravilhosa e preciosa que devemos viver plenamente até ao fim dos nossos dias. Se a senhora é religiosa acredita que há uma vida para lá desta e portanto não vive esta vida plenamente, porque acredita existir outra vida. Esta é uma maneira muito negativa de viver a vida. O ateísmo motiva a viver esta vida plenamente.

Comentário: RD é bruxo e adivinho. Ele sabe e acredita que só se vive uma vez...Como sabe ele isso? Não sabe. Ele simplesmente acredita...É um Ateu cheio de crenças este RD...

O mal para seduzir, apresenta-se sempre sob a capa de um bem...Este infeliz afirma que "O Ateísmo motiva a viver esta vida plenamente".... Sim, de facto para ele só existe esta vida...A outra não será propriamente vida, mas será «morte eterna»...

Já dizia Jesus Cristo : "Porque o que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas o que perder a sua vida por amor de mim e do Evangelho, salvá-la-á". (Mc 8,35)

Muitos buscam a Vida e encontrarão a Morte...Outros buscarão a morte e encontrarão a Vida "Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim tem a vida eterna". (Jo 6,47)

Mas quem não crê...

Por mais que queiramos, jamais um porco, comtemplará um céu estrelado, um mar ou um por do sol e glorificará o seu Criador. O porco só se sente bem na lama, e toda a sua vida está na pocilga aonde habita... Não se pode pedir a um porco que vá mais além...infelizmente existem seres humanos que são imagens destes pobres animais, bons para o matadouro...

P.Z. – Richard Dawkins obrigado pela entrevista. Obrigado por ter estado connosco.

R.D. – Obrigado.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Diz o Insensato em seu Coração: Não há Deus.

Perante a formidável perspectiva da existência de Deus, o homem que resolve prescindir dEle, no seu quotidiano, sem ter a certeza que de facto Ele não existe, é o mais louco de todos os seres humanos...É um insensato.

Se a minha mão está queimada, não fico com a liberdade de viver como senão estivesse. Se Deus existe, então já não somos livres, em viver como se ELE não existisse.

A existência de Deus não está dependente da sua utilidade dessa existência para mim, assim como a existência do ar não está dependente da sua utilidade para os meus pulmões.

Se um escravo, resolvesse ignorar o seu Rei, por despeito para com o mesmo, alegando que este não existia, porque lhe dava jeito, ou que este não era digno de Honra e Glória, visto ele não lhe reconhecer dignidade e realeza para tal, que castigo mereceria? Que faria o Rei a semelhante insolente? Quanto maior a dignidade do ofendido, maior a gravidade do crime. Sendo Deus, o Rei Supremo de tudo e de todos, e possuindo uma dignidade e uma realeza infinitas, viver como se Ele não existisse, é o maior dos crimes, pois a indiferença, a antipatia e o desprezo para com Deus,nascem de uma raiz comum: o ódio.

O Ateu, teórico ou prático - aquele crente, que vive como um ateu - é um ladrão. Rouba a Deus a honra e a glória que lhe são devidas e entroniza-se a si mesmo como deus, criando ele mesmo as suas leis e a sua moral pelas quais definirá a sua conduta...Assim acontece com os ladrões nas sociedades humanas; desprezam as leis e criam para si mesmos novas leis, de acordo com os seus apetites e suas necessidades...Esquecem-se contudo que, todas as escolhas têm consequências; e se somos livres nas escolhas , já não o somos nas consequências dessas mesmas escolhas. Quantos acabaram na prisão e a outros, a morte surpreendeu em pleno roubo...

Sempre que o homem se entroniza a si mesmo como deus e coloca em si, o fim último das suas acções, entrou num processo de «auto-divinização». Ora, é uma verdade elementar, que dois corpos materiais não podem ocupar o mesmo espaço, ao mesmo tempo; também a finitude exaltada e o infinito diminuido não podem coexistir, já que, a divinização do homem implica necessariamente a humanização de Deus. Quanto mais o homem se exalta a si mesmo, tanto menos se sente relacionado com Deus...

Assim, o homem que é bom nunca está seguro de ser bom, porque tem como norma o perfeito; o homem que é mau, tem a certeza de ser bom, porque se constitui a si mesmo como norma. Por isso, é mau aos olhos de Deus, pois nega a Deus a reverência e a glória que Lhe são devidas, na medida que que se constitui a si mesmo como norma e despreza as normas legisladas pelo Criador.

«...Diz o insensato em seu coração: Não há Deus. Corromperam-se os homens, sua conduta é abominável, não há um só que faça o bem. O Senhor, do alto do céu, observa os filhos dos homens, para ver se, acaso, existe alguém sensato que busque a Deus. Mas todos eles se extraviaram e se perverteram; não há mais ninguém que faça o bem, nem um, nem mesmo um só...» Sl 13,1-3

segunda-feira, 3 de março de 2008

A Evolução do Universo

Muitos ateus e não só, apoiam-se na Evolução do Universo para explicar a inexistência de Deus... A Evolução do Universo aparece assim como uma alternativa à criação do mesmo.

O erro está em tomar a evolução como uma explicação, quando de facto é apenas uma descrição. A evolução é uma hipotese verdadeira para explicar o como das coisas, contanto que não exija de nós, a crença de que, o mais vem do menos, que o tudo nasce do nada, que de um saco vazio saiem bolas em número incalculável...Haja fé, para estas crendices!!!! O nada, não gera nada...É nada.

O Como dos acontecimentos é um problema diferente do Porquê desses mesmos acontecimentos. Descrever um relógio como tendo sido feito à máquina ou descrevê-lo como tendo sido feito à mão, explicaria por certo o como do seu fabrico mas ficaria ainda lugar para a pergunta: - Quem o fabricou? O mesmo se passa com o universo.

A evolução é um dos métodos possíveis da criação... O problema da evolução ou da antiguidade do mundo, nada tem a ver com a sua origem. A evolução é um problema do antes e do depois; A criação é um problema de superioridade... Da passagem do nada, ao ser... E essa passagem exige um poder infinito...

Julgam alguns que pelo facto de se falar em milhões de anos já há direito a dispensar o Criador.

Falar desse modo é como dizer que a manivela de um automóvel passará a ser automática se for suficientemente comprida. Uma velha raça de cavalos, não deixa de ser raça pelo facto de durar muito tempo; nem o universo deixa de ser um universo dependente, por ter demorado muitos séculos a desenvolver-se... O facto de se dizer que é eterno, como alguns "ateus crentes" o dizem, é uma crendice, pois estes, jámais poderão provar essa «eternidade do universo»..., E contudo, mesmo que o Universo fosse "eterno" isso não excluia a necessidade de um Criador, que o explicasse, pois o problema cronológico, nada tem a ver com o problema ontológico - passagem do nada, ao ser.

A atitude intelectual a tomar frente ao Universo não é esta: o mundo começou a existir, portanto foi criado por alguém; mas sim esta outra: o mundo existe e como não têm em si a razão própria da sua existência, deve por isso depender de um ser que o Criou. É impossível conceber a passagem do não-ser para o ser, ou da existência em potência para a existência em acto, sem um poder infinito que opere essa passagem.

Esta é a verdade elementar: Uma vez que do nada, não pode derivar coisa alguma, deve existir um Ser, que explique a participação de ser, comum a todas as coisas do universo.

Se houvesse um momento em que o nada existisse, então o nada existiria sempre.

As coisas não gozam da plenitude do ser: o facto de sofrerem mudanças, de participarem o ser com outros seres, o facto de morrerem, prova que a sua existência lhes é comunicada e que lhes não pertence como coisa própria. Como os raios do sol, no momento em que este astro desaparece, se desvanecem com o pôr do sol, também neste mundo, os raios imperfeitos do «ser» das coisas criadas, deixariam de existir se não houvesse um Ser que os sustentasse e lhes comunicasse a existência.

Esta relação do homem para com Deus, não é a mesma relação que há do arquitecto para um edificio; o edificio pode continuar a existir muito tempo depois do arquitecto ter morrido, pois este, é apenas causa de construção do edificio, mas não do ser desse edificio.

Sem um Ser Supremo, como Fundamento e Causa dos seres imperfeitos deste mundo, a inteligência humana seria levada necessáriamente a uma conclusão absurda :

- Que aquilo que não têm em si a razão da própria existência, têm em si a razão da própria existência.

E é, neste absurdo que terá que cair todo aquele que nega o principio da causalidade, isto é, que não existe efeito sem causa. Se o nosso existir como ser, é um efeito, necessáriamente esse efeito teve uma causa e essa causa, do nosso existir e ser enquanto homens, é DEUS, quer acreditemos nele ou não.