«...Um viajante encontra no seu caminho um rio caudaloso; é preciso atravessá-lo; ignora se existe algum perigo de um ou do outro lado e apercebeu-se que muitos outros viajantes se encontram como ele na margem do rio, ponderando qual será a profundidade do rio em determinados lugares e a impossibilidade de salvar-se se o tentassem atravessar em determinados sítios. Mas eis que aparece um insensato e temerário e diz: - « que me interessam a mim essas questões!»; e atira-se ao rio sem olhar aonde. Pois bem, eis aqui o indiferente em matéria de religião. Perante o formidável problema da eternidade, ele lança-se ao rio, sem sequer pensar que devido à sua temeridade e imprudência, não se irá salvar...» (Balmes, O Critério, cap.21,BAC Obras Completas)
Sempre me fez reflectir aquela palavra da Sagrada Escritura, "sem fé é impossível agradar a Deus, pois para se chegar a Ele é necessário que se creia primeiro que ele existe e que recompensa os que o procuram". (Hb 11,6)
Muitos infelizes assumem à priori que Deus não existe ou se existe, vivem como se ele não existisse. Mas a religião diz-nos que existe e que castiga terrivelmente os maus na outra vida e que premeia os bons para lá do que possam imaginar ou supor. Mais, a religião diz-nos que na outra vida, esse castigo ou esse prémio será eterno... E é aqui o fundamental da questão. O que está em causa é uma eternidade...
É impressionante, mas é verdade. Poderiam pensar, que não existe relógio sem relojoeiro, que o universo é de tal forma matemáticamente perfeito que necesáriamente teve de ter uma inteligência que lhe definiu as leis e regras matemáticas que o regulam. Poderiam supor que não existe um edificio sem que alguém o tenha construído e idealizado..., mas não! Na sua ânsia de gozar, de ser livres, e de não ter de obedecer às Lei de Deus, que visam a felicidade de todos e não sómente de alguns, resolvem prescindir de Deus à priori, e mergulham na autosuficiência de uma vida sem Deus e..., eis que de repente morrem!...
Aqui aplica-se a célebre expressão de Sto Agostinho: « .
Daí continuar Balmes «... vêm o indiferente e diz : « Tudo isso (da religião) não merece a pena ser examinado; eu julgo sem ouvir; esses sábios são todos os mentecaptos, esses legisladores uns néscios; a humanidade inteira vive na mais miseravel ilusão (escutando a religião e o que ela têm a dizer); todos perdem lastimosamente o tempo em questões que nada importam... E responde o crente : - Quem és tu que assim nos insultas, que desprezas os sentimentos mais íntimos de coração e todas as tradições da humanidade e assim declaras frívolo o que toda a humanidade declara como grave e importante? Quem és tu? Descobriste por acaso, o segredo de não morrer? Miserável montão de pó! Esqueces que muito em breve te dispersará o pó? Débil criatura! Contas acaso com meios para mudar o teu destino nessa região que desconheces? A Felicidade ou infelicidade são para ti indiferentes? Se existe esse Juíz em quem não queres pensar, esperas que se dará por satisfeito se ao chamar-te a juízo lhe responderes : - « E a mim que me importam a vossa lei ou a vossa existência»? Antes de desatar a tua língua com tão insensatos discursos dá uma olhadela para ti mesmo...senta-te sobre uma tumba, recolhe-te e medita.» Balmes, O Critério,XXI,IIQue Deus existe, é claro como a água, pois não existe movimento sem força aplicada, nem efeito sem causa. E senão existe efeito sem causa, tudo quanto começou a existir teve necessáriamente que ter uma causa que lhe deu a existência, pois é absolutamente impossível que algo que não exista, possa dar a si mesmo a existência, na ordem material, isto é, dentro das coordenadas de espaço e de tempo, aonde habitamos. Só um orgulho descomunal e uma soberba demoníaca pode afirmar, depois de comtemplar um mar, um sol com a sua Luz, um céu estrelado, "Deus não existe." Para esses responde S.Paulo :
« om 1,18-23
Assim, quem comtempla o mundo na sua imensa variedade e beleza, tanto vegetal, como animal ou mineral e diz no seu coração"
Aliás, já dizia o livro da Sabedoria " Sab 15,10-13